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terça-feira, 29 de maio de 2012

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Ser mãe é um ato de generosidade e coragem


5o texto no Portal Uma Mãe das Arábias


Ser mãe é um ato de generosidade e coragem
Pra muitas, este domingo foi o primeiro dia das mães, já com seus bebês no colo. Para muitas outras, foi com o bebê na barriga. Mas antes da existência desses bebês, mesmo não sendo mães ainda, uma ideia de maternidade já desde sempre as acompanhou, seja biologicamente, por terem um corpo que as permite gerar, seja social ou culturalmente, nas brincadeiras de boneca de menina, na forma como a maternidade é propagada em nosso meio, na relação que estabeleceram com suas mães desde pequenas, ou com alguém que cumpriu este papel. Antes d@ filh@ de fato chegar, e termos de nos relacionar com eles concretamente, a maternidade é muito mais uma potencialidade, uma ideia.
Quando o bebê de fato chega, já não é mais com a ideia de filh@ que nos relacionamos, mas sim com alguém de carne e osso, um alguém que não se sabe alguém ainda, mas ainda assim, com comportamentos, necessidades e desejos. Da ideia à concretude da experiência de ser mãe, dá-se um grande passo: vou daquilo que já está dado biológica, social e culturalmente, para uma aceitação de uma tarefa que não terá fim; a tarefa de ser alguém para alguém.
Há um termo bastante usado na psicologia que busca nomear esse encontro entre mãe e bebê e a formação desta relação. Usa-se muito a palavra vínculo, que no seu sentido mais corriqueiro, quer dizer laço, ligação. Essa ligação, porém, não é simplesmente biológica.  Laço sanguíneo não decreta maternidade. Ela também não é social, ter um filho não certifica maternidade. Tampouco é simplesmente cultural, já que agir desta ou daquela maneira não representa ser mais ou menos mãe. Isto que digo pode parecer óbvio num primeiro momento, mas nossas dimensões sociais, culturais e biológicas podem acabar obscurecendo o que de fato é necessário que se dê para que haja uma relação verdadeira entre uma mãe e seu filho.
Gosto sempre de incluir uma palavrinha a mais quando me utilizo do termo vínculo para falar da relação entre mãe e bebê. Gosto de falar que é necessário que haja um vínculo com envolvimento. Por quê? Justamente porque esta ligação é antes uma construção, nem algo já dado, nem algo a ser conquistado como um fim.
Quando eu me envolvo com alguém, me aproximo dela, toco e me deixo ser tocada. Vou conhecendo ela, e ela a mim, por todos os lados. Envolver-se não é fácil, é topar descobrir e ser descoberto, mexer e ser mexido, é inevitavelmente transformar e ser transformado pela presença deste alguém. Neste sentido, envolver-se não é algo que se dá de imediato, assim que o bebê nasce puramente por instinto. A experiência de um papel social ou a participação em um modo de ser numa dada cultura também não garantem um envolvimento. O que promove o envolver-se é estar aberto para a transformação. É um ato de extrema generosidade e coragem.
Acho que a grande beleza da maternidade mora, não naquilo que a vida biológica, social ou cultural oferece, mas no desafio de fazer-se conhecer e abrir-se para conhecer um(a) filh@.
Um brinde a todas vocês no dia das mães pela generosidade e coragem!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Sobre mim

Sou psicóloga clínica formada pela PUC-SP em 2004. Sou uma entusiasta da abordagem fenomenológica existencial, e por meio dela que conduzi e ainda conduzo meu trabalho clínico.Trabalhei no consultório desde que me formei até viver um pequeno recesso em 2007, quando nasceu meu filho Francisco, na noite mais fria do ano, e de uma lua cheia de muitas surpresas... a chegada do Chico despertou em mim um interesse apaixonado pelo universo da maternidade, e, com ele pequenininho ainda, concluí uma especialização em psicologia no SEDES SAPIENTIAE em gravidêz, parto e puerpério, além de um curso de doula (acompanhamento físico e emocional no parto). Acompanhei muitos partos desde então, e, a convite de Ana Cristina Duarte, obstetriz e coordenadora do GAMA (Grupo de Apoio a Maternidade Ativa), passei a coordenar grupos de pós parto. No Gama eu fiquei até 2010, concluindo 2 anos de grupos por lá. Fui depois convidada pelo pediatra do meu filho, o Cacá, a continuar essa coordenação em seu espaço, que agora em 2012, se inaugurou como Espaço Nascente, cheio de atividades para mães e pais, e com um enfoque no cuidado depois que o bebê nasce...mas também depois que cresce, acompanhando seu desenvolvimento, e de seus pais também. Neste momento, me dedico a acompanhar gravidêzes, partos e pós partos, no consultório, em grupos e na casa das pessoas também. Escrevo refletindo sobre as dores e delícias dessa vida, como diria Caetano Velloso, e, costumo postar meus textos aqui no blog, pra quem se interessar.
No blog vocês vão encontrar muitos textos meus, infromação sobre meu trabalho e cursos que ministro, além do que acaba saindo na mídia. Seja muito bem vind@!
Um forte abraço,
Cris Toledano

O sintoma pelo olhar fenomenológico

Já a fenomenologia entende o sintoma como sendo um indício de uma condição de restrição das possibilidades de ser, bem como uma manifestação de sofrimento e dor. A medida desta restrição é dada pelo próprio paciente, uma vez que seu sentido se constrói não apenas a partir de uma análise dos sintomas em si, mas de uma compreensão da totalidade da sua existência. Pode-se dizer que a medida da restrição é de algum modo equivalente à medida do sofrimento.

Sobre a preparação para o pós parto

4o texto para o Portal Uma Mãe Das Arábias

Sobre a preparação para o pós-parto

É possível se preparar para o pós-parto?
Sim e não!
Deixa eu me explicar...
Independente de como escolhemos empreender uma preparação para a chegada do bebê, o que acaba operando dentro da gente, e o que faz com que sintamos mais segurança e conforto, é o fato de que algo, no caso o pós-parto, passa a fazer parte do nosso universo de preocupações, e, assim, podemos nos organizar para que tenhamos o máximo de recursos para agir diante do novo. 
Porém, quando estamos a nos preparar para algo, é quase inevitável sermos levados a considerar aquilo que sempre escapa à preparação, não é mesmo? Aquilo que imaginamos está sempre à mercê do que concretamente irá se dar, há sempre a possibilidade do imprevisto, da novidade...
A preparação portanto abarca tanto a nossa potência, quanto a nossa impotência. Levar ambos aspectos a sério é empreender uma verdadeira preparação. Por que digo isso?
Considerar que a preparação é um fim em si mesma é justamente não se preparar para o que de novo e surpreendente pode acontecer. Quando o imprevisto se der, ele pode acabar não sendo muito bem recebido. É capaz que vivamos tomados pela frustração ou ressentimento, pela paralisação ou pelo enrijecimento. O inverso também pode acontecer: se o pós-parto não puder fazer parte de nossas preocupações, quando ele chega, pode arrebatar, pois nos vemos sem os recursos para agir diante do novo. 
Preparação, portanto, é estar presente para receber. Mas, ao receber, saber também que necessariamente irei me transformar. Preparem-se para a chegada de seus filhos, mas não se esqueçam também que eles são... a novidade!