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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Sobre o sentimento de fracasso vivido pelas mães (texto de Rosely Sayão no Folha de S.P.)

Fonte
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/1236696-sentimento-de-fracasso.shtml

Sentimento de fracasso

Há algum tempo tenho percebido que diversas mães se declaram incompetentes diante de sua tarefa de educar os filhos. Há também as que se sentem fracassadas quando percebem que o que elas almejavam para os filhos não se concretizou.
Claro que há pais que se sentem da mesma maneira, mas minha experiência aponta um número maior de mulheres sofrendo com esses sentimentos.
Há uma tendência social de se avaliar a mulher pelo êxito do seu filho, isso desde a mais tenra idade.
O filho andou precocemente? Já escreve e identifica o próprio nome escrito em letras aos três anos? Desenha como um artista? É um dos primeiros alunos da classe? Tem destaque na escolinha de futebol? Entrou na faculdade considerada top?
Ah! Mães com filhos que realizam tais feitos costumam ser avaliadas como boas mães. Elas souberam o que fazer e como fazer para que os filhos atingissem tais feitos costumam considerar as pessoas com quem essas mães convivem.
Já se o filho não fala corretamente, faz birra em público, não gosta de estudar, dá trabalho para comer, repete o ano escolar e é desobediente, coitadas dessas mães! Não sabem como exercer bem o seu papel, pensam outras pessoas, sem disfarçar os olhares reprovadores. E, então, indicam profissionais para acompanhamento da criança, literatura especializada, revistas e programas de TV que certamente irão ajudar a pobre mãe. Até a escola costuma fazer orientações para pais.
Você deve ter percebido, caro leitor, que ser mãe ou pai na atualidade ganhou um caráter quase profissional.
Há uma infinidade de recursos disponíveis, hoje, para mulheres e homens que queiram realizar bem sua tarefa com os filhos. Não estranharei se, em breve, for criado um curso de pós-graduação lato sensu sobre educação de filhos.
Sim, porque até agora os cursos tratam de alunos, papel social muito diferente do de filhos, não é?
Dá, portanto, para começar a entender o sentimento dessas mães. Elas não se sentem especialistas em maternidade. E perseguem o tempo todo uma fórmula para dar conta do que acham que precisam dar conta.
O que elas esquecem nessa empreitada é que os filhos ficam diferentes a cada dia. E é justamente por isso que a maioria das atitudes que tomam com as crianças ou os adolescentes tem eficácia de curto tempo. E elas pensam que o que fizeram não deu certo. Deu, mas apenas por pouco tempo.
Se as mães e os pais escutarem atentamente os filhos e tiverem com eles um vínculo de proximidade, irão perceber a hora de mudar de estratégia. Eles, os filhos, dão os sinais.
Outra coisa que mães e pais precisam considerar é que as crianças do século 21 não seguem mais padrões de desenvolvimento. Cada um vive em um ambiente específico, tem um tipo de relação com os pais e, por isso, serão bem diferentes de seus pares de mesma idade. Comparar os filhos no mundo da diversidade não é, com certeza, uma boa escolha!
Mães e pais não devem se sentir fracassados ou incompetentes, pois os filhos precisam justamente do sentimento de potência que os adultos demonstram. Mães e pais não costumam fracassar: costumam errar. E não há nenhum problema em errar: os filhos superam nossos erros com mais facilidade do que nós.
E tem mais: não há certo ou errado quando o assunto é a educação dos filhos. Há princípios, há valores, há a moral familiar e social, há o bem conviver, o respeito e a dignidade. E há estratégias que funcionam por um tempo e estratégias que não funcionam, apenas isso.
Os sentimentos de fracasso e de incompetência podem inibir o exercício da maternidade e da paternidade.
Mais importantes que qualquer conhecimento específico são os afetos porque são eles que conduzem os pais.
Rosely Sayão Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. Escreve às terças na versão impressa de "Equilíbrio".

Mães empreendedoras cuidam de outras mães no pós-parto

Fonte
http://empreendedorismomaterno.blogspot.com.br/2013/02/especial-maes-empreendedoras-cuidam-de.html

ESPECIAL: Mães empreendedoras cuidam de outras mães no pós-parto

Toda mãe passa pelo complexo período do pós-parto. Chamado genericamente assim, este é um momento único na vida de cada mulher. Isso porque cada uma tem uma trajetória, uma história de vida própria, um filho que é único (mesmo que seja o segundo ou o terceiro) e que acontece em um contexto também único da vida das pessoas envolvidas, da família e também da sociedade.

São múltiplos os fatores (sociais, emocionais, físicos, familiares e etc) envolvidos no processo que se chama de pós-parto. Por isso, cada uma e todas as mães deveriam ter uma atenção especial de familiares, amigos e companheiros(as) neste momento.

Pensando nisso, mulheres que são mães e já passaram por este momento criaram produtos e serviços para atender e acolher mães neste momento tão delicado. Vamos conhecer um pouco sobre o trabalho de Priscila Castanho, da Abraço Materno; Rosangela Alves, da Sampa Sling; Tatiana Tardioli, da Dança Materna; Isadora Canto, do Projeto Acalanto; Ligia de Sica, da Bebechila; e Cris Toledano, psicóloga e coordenadora de grupos de apoio ao pós-parto.

Priscila, da Abraço Materno

“Uma mãe acolhida, cuidada, ouvida e acariciada é com certeza a melhor forma de viver uma maternidade feliz e plena. E isso reflete diretamente nos cuidados com o bebê, seu crescimento e desenvolvimento”, afirma Priscila Castanho, da Abraço Materno. A empresa oferece massagens em gestantes, no pós-parto e dá cursos de Shantala, a massagem para bebês. Além disso, Priscila atende como doula pós-parto.

Rosângela, da Sampa Sling
Rosangela Alves, da Sampa Sling costuma visitar e receber visitas de mães e pais recentes nas consultorias que oferece em sistema de plantão ou nas Slingadas, onde apoia pais, mães e cuidadores a promoverem o uso correto dos carregadores de bebês. “É um período tão complexo, que tudo está misturado. As famílias chegam até mim procurando ajuda com o sling e terminamos falando de amamentação, relacionamentos, intervenções familiares, modos de cuidar, higiene do bebê e tudo mais que você possa imaginar”, conta.

Tatiana, da Dança Materna
Transformação e solidão

Com uma coisa todas concordam: trata-se de um período muito especial e, em geral, rondado por medos, angústias e inseguranças. “Esta é uma fase muito peculiar da vida, onde há uma grande quebra do que era a vida que a mulher tinha antes de ter o bebê, a imagem que tinha dela mesma, em relação ao momento presente, que exige dedicação total ao pequeno e um contato extremo com ela mesma, que muitas vezes leva à revisão de seus conceitos e crenças. Isto pode ser muito transformador se tomado como uma grande oportunidade de autoconhecimento, mas pode também ser um terreno muito árduo de se transitar se ela ficar muito sozinha. Nem sempre há pessoas próximas com disponibilidade de tempo para apoiar a mulher nesta fase da vida”, afirma Tatiana Tardioli, idealizadora da Dança Materna.

Para ela, por mais que a família e os amigos mais próximos queiram estar presentes, estão “no tempo do mundo, do dia a dia corrido”, enquanto a  mulher experimenta no pós-parto uma outra relação com o tempo, os espaços que antes frequentava e mesmo com as pessoas. “Precisa conviver com outras mães recentes e compartilhar experiências. Ser acolhida em suas dúvidas, medos, alegrias, variações de humor e tudo o mais que vem nesse período que dura muito mais do que os 40 dias "oficiais". É importante para que ela possa ser reinserida na vida social, e se sinta apoiada, compreendida e acolhida e que viva estes  primeiros tempos com o bebê inteiramente em toda sua intensidade. Se ela tiver o apoio do marido nesse sentido, será de fundamental importância”, afirma Tatiana.

Mães: uma tribo

A psicóloga argentina Laura Gutman afirma esta necessidade: de as mães estarem em grupo, para compartilhar experiências e se apoiarem: “Nenhuma mãe deveria estar sozinha com um filho pequeno nos braços. A espécie humana foi desenhada para andar em manadas, em tribos. Nós, mães modernas, precisamos organizar uma tribo que nos apoie e ofereça companhia e compreensão”, disse ela em entrevista o site Mamatraca.

A psicóloga paulistana Cris Toledano, desde 2008, organiza grupos com esta intenção. O grupo de encontro e acolhimento de mulheres no pós parto é um grupo de mulheres que acabaram de experimentar a chegada do seu bebê. “A troca, neste momento intenso e cheio de novidades, além de rica é reconfortante; ajuda a apaziguar a solidão, as dúvidas, os medos e anseios tão comuns neste momento da vida”, afirma ela em seu blog.

Isadora Canto, do Projeto Acalanto
Troca e vínculo

Para Tatiana, estar em grupo é fundamental e realizar uma atividade como a dança traz outros benefícios. Ela conta que a dança promove um espaço de diálogo entre as mulheres; favorece o vínculo com o bebê (que nem sempre é imediato, ao contrario da expectativa que se tem); contribui para que a mulher se empodere a partir da troca de experiências, no que se refere às decisões que toma sobre como maternar seu bebê; viabiliza um encontro com ela mesma, com momentos onde vai poder se cuidar, com auto-massagem, alongamento, e outros recursos que propiciarão que ela se sinta em casa neste corpo que muda tanto quanto suas emoções, desde que ela engravidou; possibilita que ela viva momentos felizes dançando com seu bebê, independente do contato que ela tenha ou não com a dança anteriormente; e ensina estratégias que ela vai poder usar em casa para cuidar dela mesma, acalmar o choro do bebê e fazê-lo dormir.

Isadora Canto, mãe, cantora, compositora e idealizadora do Projeto Acalanto também acredita que uma atividade artística pode contribuir para o vínculo entre mãe e filho recém-chegado ou ainda na barriga. No Projeto Acalanto, ela usa canções, composições e atividades musicais para construir a comunicação entre mãe e bebê desde a gestão.

Ligia de Sica, da Bebechila
“Desde o ventre, o bebê já começa a escutar sons do mundo exterior, por isso, ainda no útero já pode começar a ser acariciado com canções. Os benefícios para o bebê e para a mãe são inúmeros. Podemos citar como exemplos mais gerais o fortalecimento do vínculo afetivo, o elo entre mãe e filho, a fluidez na comunicação desde a barriga. Especificamente, podemos citar a entrada da mãe no universo infantil (muitas mães só tem contatos com seus bebês nos exames de ultrassonografia), o incentivo ao diálogo, a estimulação do imaginário materno com o contato com o mundo infantil”, afirma a artista em seu site.
Em um sentido - podemos dizer - mais "prático", relacionado às pequenas inseguranças do dia-a-dia, Ligia de Sica oferece apoio e conforto às mamães, por meio da Bebechila. "As mochilas, bolsas e acessórios da Bebechila tem como intenção dar conforto e segurança para as mães. Neste comecinho de vida materna, muitas mulheres não se sentem à vontade para sair com o bebê para passear. A ideia dos nossos produtos é ajudar a mãe no sentido de conduzi-la a um passeio com tranquilidade e segurança, já que certamente ela estará levando tudo que precisa para cuidar de seu bebê", explica Ligia. Os compartimentos e divisórias das malas e mochilas são pensados de acordo com cada ocasião de saída com os bebês, desde a maternidade até os passeios mais curtos, passando pelos momentos da alimentação e da higiene.

Ela explica como um produto como a Bebechila pode ajudar no vínculo entre a mãe e o bebê. "Quando a mãe se sente segura para sair, ela entende que seu filho não é apenas um pequeno ser que demanda atenção todo tempo, mas pode ser uma agradável companhia para passeios deliciosos. Além disso, livre de preocupações - como uma lista de coisas para lembrar toda vez que tem que sair - ela libera espaço emocional e energia para se dedicar mais ao filho. Além do que, na prática, a mochila libera as mãos e o corpo para ficarem disponíveis para o bebê que é o mais importante", afirma, acrescentando que, no caso da Bebechila, o conforto, o vínculo e o cuidado extrapolam o pós-parto e acompanham mães e filhos por bastante tempo.


Estes são alguns exemplos de mães empreendedoras que estão preocupadas com o bem-estar de outras mães e que fazem de sua sabedoria e seus aprendizados um trabalho para transformar a vida de outras mães.